sábado, 3 de dezembro de 2011

Por um novo-desenvolvimento, social e ecológico

            A pobreza e o atraso não serão resolvidos pela mão invisível do mercado. É necessário políticas públicas, tanto focadas como universais, para se enfrentar o passivo histórico da pobreza e da desigualdade. Nos últimos anos, houve avanços consideráveis, que devem ser estendidos e sofisticados. Em termos orçamentários o bolsa-família custa menos de 1% do orçamento federal. Políticas de transferência de renda, como esta, somadas à universalização da educação e da saúde pública e do crescimento econômico, podem, em poucos anos, elevar o país a outro patamar civilizatório. Para que isso se concretize, é importante alterar o modelo tributário brasileiro (comentei isso no artigo “Brasil, cresce!”), não no sentido pleiteado pelos liberais/conservadores, que querem simplesmente cortar impostos. É preciso, sobretudo, reorganizar o sistema tributário, elevando os impostos que incidem sobre as grandes fortunas, o consumo de luxo, o agronegócio e a exploração mineral (setores importantes, mas de alto custo ambiental e baixa geração de empregos), desonerando o consumo popular e os setores produtivos, em particular as pequenas empresas, a indústria e os segmentos de alta tecnologia, todos eles vitais para o desenvolvimento. Esse novo-desenvolvimentismo, capaz de incorporar preocupações ecológicas, sociais e identitárias deve enfrentar, inclusive teoricamente, o pensamento conservador, em especial o conservadorismo mediático, que se recusa a pensar o Brasil, apegando-se à agenda fácil da corrupção, como se esse fosse o único problema do país.
Ps1. Incorporar ao novo-desenvolvimentismo preocupações ambientais não significa ser, necessariamente, contra Belo Monte. É preciso construir um pensamento mais sistêmico e mais sofisticado, capaz de articular, ao mesmo tempo, as questões ambientais e energéticas, os direitos das comunidades locais e os grandes interesses nacionais, o espírito animnal dos empresários e a atuação regulatória do estado democrático.
Ps2. A corrupção é um problema importante. Mas pensar o país com seriedade e radicalidade implica em superar lugares comuns, de apelo fácil, típicos do populismo conservador, tão ao gosto da classe média, provavelmente o segmento de classe mais conservador da sociedade brasileira (comentei o assunto no artigo “A classe média e os valores (conservadores)”.

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